Valuation: explicações importantes sobre o conceito

Este artigo explica o valuation sob a visão de um investidor e empreendedor, ensina como calcular e traz dicas importantes.

Por Redação Alex Anton 11 de Outubro de 2025 - Atualizado em 07 de Novembro de 2025 10 min. de leitura
Imagem que representa a avaliação de valor de um patrimônio ou investimento financeiro, com destaque para termologia relacionada à valoração e um ícone de dólar acima de uma mão que simboliza o conceito de valuation em negócios e finanças.

O valuation é uma estimativa de quanto uma empresa vale. Isso mesmo! É sempre uma estimativa e nunca um número definitivo.

“Podemos considerá-lo um exercício de projeção de futuro baseado em dados do presente, inclusive, com muitas variáveis fora do nosso controle, por isso, ele não deve ser encarado como verdade absoluta, mas como uma ferramenta estratégica para tomada de decisão”

— Explica Alex Anton, investidor, consultor e mentor; ex-Partner & Latam Managing Director da Global Founders Capital

Para fazer um valuation, você vai precisar levar premissas, projeções, contexto de mercado e até fatores externos, a exemplo da política, de legislações e da inflação, em conta.

Este artigo explica melhor: do básico aos detalhes, continue lendo para entender tudo!

O que é valuation empresarial?

Entenda o valuation como uma bússola, usada por empreendedores para entender o valor criado ou perdido no decorrer do tempo de existência de suas empresas – e tomar decisões melhores.

Novamente, lembre-se de que estamos tratando de estimativa, não de um número exato.

Então, quando você disser que a sua empresa vale “tantos reais”, na prática, estará dizendo que, a partir de certas premissas e de uma análise completa de receita, estratégias e previsões de crescimento empresarial e análise de risco, estima-se que ela custe “perto disso” atualmente.

“A ideia do valuation não é um exercício de vaidade”

Para que serve a execução de valuation?

Faça essa análise para usá-la de forma concreta em diferentes momentos, como:

  • Definir quanto de participação entregar em troca de aporte
  • Negociar com investidores ou sócios
  • Participar de fusões e aquisições chegando a um preço justo
  • Planejamento estratégico de negócio
  • Gestão de patrimônio e sucessão
  • Precificação para IPO ou emissão de ações

E não se agarre a uma única abordagem, mas opte por usar vários métodos de análise para chegar a uma estimativa mais próxima da realidade.

Os principais estão listados adiante.

5 principais métodos de valuation usados no mercado

Fluxo de caixa descontado, avaliação por múltiplos de mercado e valor patrimonial são alguns caminhos para o cálculo de valuation (que não tem fórmula universal).

Especialistas no assunto analisam números obtidos através da aplicação de vários dos métodos da lista que você vai conferir agora, confrontam resultados e, só então, apresentam aos gestores uma faixa de valor de seus negócios.

1. Fluxo de caixa descontado (FCD)

O que é considerado no cálculo? Valor atual dos fluxos de caixa futuros projetados + desconto de taxa que reflete risco e custo de capital

Quem faz esse tipo de valuation? Um bom exemplo é a Ambev, avaliada dessa forma porque tem histórico sólido e previsível de geração de caixa

Exemplo fictício para a sua compreensão: uma padaria que projeta gerar R$ 300 mil líquidos ao ano por cinco anos e desconta 12% de taxa disso terá um valuation aproximado de R$ 1,2 milhão, já considerando a chamada “perpetuidade”

Perpetuidade = estimativa de quanto o negócio continuará gerando de caixa após o período projetado

2. Avaliação por múltiplos de mercado

O que é considerado no cálculo? O valuation depende da comparação da empresa em questão a outras do mesmo setor negociadas em bolsa ou envolvidas em alguma transação recentemente

Observações importantes: são utilizadas métricas, como o EBITDA, mas diferenças de porte, risco e modelo de negócio podem distorcer o resultado, portanto, o melhor é combinar a avaliação por múltiplos de mercado a outras análises

Exemplo fictício para a sua compreensão: se um e-commerce negocia a 10x EBITDA e tem EBITDA de R$ 2 milhões, seu valuation inicial pode ser de R$ 20 milhões

3. Valor patrimonial ou de liquidação

O que é considerado no cálculo? Valor dos ativos da empresa (estoque, máquinas, imóveis, menos dívidas etc.); equivale a um valor mínimo de referência e costuma ser usado para empresas em crise

Exemplo fictício para a sua compreensão: suponha que um restaurante precise fechar as portas e queira vender somente equipamentos e estoque. Nesse caso, seu valuation equivale a esse preço – mesmo que, em operação, ele pudesse ser avaliado por muito mais

4. Transações comparáveis

O que é considerado no cálculo? Quanto as pessoas que investem em empresas similares pagaram recentemente por elas; por isso, é muito usado em rodadas de investimentos em startups

Exemplo fictício para a sua compreensão: Uma fintech pode ter valuation estimado em R$ 50 milhões se outras fintechs semelhantes foram adquiridas nos últimos meses ou anos por 5x sua receita anual de R$ 10 milhões ao ano

5. Opções reais

O que é considerado no cálculo? Também chamado de “valuation da flexibilidade”, considera a possibilidade de a empresa mudar de rumo estratégico, expandir ou até abandonar um projeto; é usado em negócios com incerteza alta e/ou múltiplos caminhos estratégicos

“O método de valuation com opções reais mira no potencial de escolhas futuras, portanto, em vez de entregar números em reais, entrega uma lógica de valorização. Utilize-lo em conjunto com outras abordagens”, recomenda Alex Anton.

Exemplo fictício para a sua compreensão: uma startup de biotecnologia ainda não tem receita, mas tem uma tecnologia com potencial bilionário, então, ela é avaliada como opção de sucesso futuro

Tudo certo até aqui?

Como calcular valuation em 7 etapas devidamente estruturadas

Tendo chegado ao cálculo oficial do valor da sua empresa, fuja de manuais prontos e reflita (muito!) sobre a essência do negócio. Siga as etapas listadas nos próximos tópicos para certificar-se de que está no caminho adequado.

1. Entenda seu negócio

Traduza a lógica de funcionamento do negócio em termos e dados que um investidor conseguiria entender.

Modelo de receita: [ ] Recorrente [ ] Transacional [ ] Híbrido
Clientes: [ ] B2B [ ] B2C
Ticket médio: __________
Nível de fidelização: __________
Principais riscos: _____, _____, _____
Custos fixos: _____, _____, _____
Custos variáveis: _____, _____, _____
Diferenciais competitivos: _____, _____, _____
Capacidade de escala: __________

2. Analise o histórico

Estude balanços, mas entenda as entrelinhas: ajuste finanças, retirando efeitos não recorrentes do valuation e normalize as margens, ajustando despesas e receitas para refletir uma operação sem distorções pontuais.

Se seu negócio ainda não tiver histórico, use benchmark de mercado e construa cenários a partir de hipóteses bem justificadas.

3. Faça a projeção de fluxos de caixa futuros

Repita este processo para pelo menos três diferentes cenários – o de base, um otimista e outro conservador:

  1. Estime receita e crescimento com base em histórico, mercado e capacidade de execução
  2. Projete custos e despesas, separando os físicos dos variáveis para margens mais realistas
  3. Defina investimentos em máquinas, tecnologia, expansão ou outras infraestruturas (Capex)
  4. Calcule capital de giro (necessidade de estoque e prazos médios de pagamentos e recebimentos)
  5. Estime um fluxo de caixa livre, ou seja, quanto sobra para acionistas depois de você pagar todas as despesas; quanto a empresa pode distribuir ou reinvestir

4. Defina a taxa de desconto

A taxa de desconto, também chamada de custo de capital, Weighted Average Cost of Capital (WACC) ou taxa mínima de atratividade, representa o retorno exigido por investidores dado o risco do seu negócio.

Estabeleça-a como parte do valuation!

Aqui, duas observações importantes merecem ser registradas – Um: se o risco é maior (startup sem histórico, negócio de um setor instável ou similar), a taxa é mais alta. E dois: no Brasil, juros altos tornam essa taxa naturalmente mais pesada.

5. Calcule o valor presente

No quinto e último passo, traga “para hoje” o dinheiro que só será recebido no futuro; o valor presente de cada fluxo de caixa projetado e do valor terminal (a perpetuidade sobre a qual você leu lá no início deste artigo).

Assim, você vai descobrir o “Enterprise Value”, valor total do negócio considerando patrimônio de acionistas e dívida líquida, e ajustar o valuation a partir dele.

6. Confronte o fluxo de caixa descontado com múltiplos e transações

Faça isso para ver se o valor condiz com o panorama do mercado!

Ao confrontar seu FCD com múltiplos, você compara seu resultado do passo cinco com empresas similares. Ao fazer a comparação com transações, você observa quanto os investidores já pagaram por organizações do mesmo porte e setor.

Percebe dois tipos de valuation sendo usados concomitantemente? É como um teste de realidade, que evita super ou subvalorização!

7. Aplique ajustes qualitativos

Por último, vá além dos números e considere, no valor final estimado do seu negócio, tudo o que pode justificar acréscimos ou descontos relevantes.

A maioria dos especialistas em valuation engloba:

  • Governança
  • Força da marca
  • Capacidade e reputação de fundadores e equipes
  • Dependência de clientes e fornecedores (quanto maior, menor o valuation)
  • Liquidez
  • Fatores políticos
  • Questões regulatórias
  • Aspectos ambientais

Um exemplo clássico de uma análise sob a ótica qualitativa é o caso do TikTok nos EUA: você sabia que as pressões políticas ocorridas em 2020 quase obrigaram a empresa a vender sua operação e que isso reduziu drasticamente o valuation dessa enorme rede social?

“Nada mudou nos números, mas a percepção de risco regulatório teve impactos gigantes”, esclarece o consultor especializado em valuation e detentor dos direitos deste blog

No fim das contas, talvez o segredo de um bom valuation seja não tentar impressionar, e preocupar-se com ações cotidianas que mexem em todo o funcionamento desse organismo vivo que é uma corporação.

“Investidores e compradores experientes detectam incoerências facilmente”, conclui e alerta Alex Anton.

Compartilhe:

Você por dentro das últimas sobre Práticas de Mercado

Você por dentro das últimas sobre Práticas de Mercado

Parabéns! Inscrição feita com sucesso

Você receberá conteúdos sobre crescimento pessoal e
profissional